Trindade parte 1

Assim como a viagem pro Pico da Bandeira, essa também me deixou bem excitado... Léo sempre contava sobre as maravilhas de Trindade, e como eu havia de imaginar, nunca poderia ir pelo fato de ser criança...Até que um belo dia o convite surgiu...

Estávamos nós dois aqui em casa numa quinta feira, e me chega ele e sua namorada(clarisa) dizendo que tinham que me contar uma surpresa... Logo me empolguei...

-Celo, quer ir pra trindade com a gente nesse final de semana?

Pra minha surpresa, minha mãe respondeu por mim e cortou logo de cara o barato:

-Nem pensar... Ele ta com dor de ouvido, Leonardo. Vai acabar piorando a situação...

E novamente eu tomei um peteleco no saco. hahahaha.

Mas depois de alguns argumentos do meu irmão, mamãe deixou...

Ainda era quinta feira, e a viagem estava planejada pra sexta de manha! Pra minha cabeça ansiosa, faltava MUITO MUITO MUITO!! Imaginem acampar em uma praia linda, dormir e acordar com o barulho do mar, fazer nada o dia todo, só praia, sol, praia, praia e mais praia! Ahh, aquilo mais me parecia um sonho, e a magia de viajar já tomava conta de mim.

Iríamos sair bem cedo na sexta, pra aproveitarmos bem o dia... Afinal até Trindade é um longo caminho, umas 4 horas desde o Rio.

ACORDAMOS NA SEXTA!

Eu fui o primeiro a acordar, pra variar... As malas já estavam prontas, só faltava tomar café, e passar na casa de um primo nosso, o Vinícius, e depois disso, FINALMENTE partir pra estrada.

Depois de tudo feito, finalmente estrada...

Eu, Clari, Léo, e Vinícius dentro do carro, todos bem animados e falando como tudo seria, que praia iríamos...

Depois de atravessar a infinita Avenida Brasil, entramos pela Rio santos... Que por sinal a viagem começava naquele ponto, ao meu ver. Da estrada dava pra ver tudo, uma vista maravilhosa pro mar. Lembro-me que todos cantavam alegre :
-Estou a dois paaaaaaassosssss, do paraíiiiiiso!!!

Tudo tava bom demais, nenhum imprevisto. (por enquanto)

Fotos do pico da bandeira.

Início da trilha.

Nós e o grupo de amigos.

A famosa camisa dos ramones.

Pico da bandeira.

Eu deveria ter lá pelos meus 12 anos, era a primeira viagem pras montanhas, com direito a acampar no meio do mato e tudo, eu me sentia ofegante, ansioso. O planejado era ir eu e meu irmão(Leonardo, atualmente com 31 anos), e um grupo de amigos que encontraríamos por lá.

Léo sempre me falava sobre o pico da bandeira, contava sobre suas milhões de viagens e eu sempre ficava sonhando, imaginando como deveria ser maneira a sensação de estar ali, no meio das montanhas, e pra uma criança que eu era na época, viajar sem os pais, CACETE!! Era uma das maiores aventuras que eu podia imaginar!!

Compramos a passagem pra Caparaó, que era a cidadezinha no interior de Minas Gerais que tínhamos que ir pra de lá começar a caminhada pro pico. Os nervos foram a mil quando tive a passagem em mãos. Tava tudo meio que pronto... passagem comprada, compras feitas, mochilão arrumado, casacos, luvas, gorro!! Me animava bastante a sensacão de ir prum lugar frio, mal via a hora.

O ônibus sairia 23:30 pra chegar de manha na cidadezinha, era longe pra caralho!! E eu pensava comigo: “Não vou conseguir dormir no ônibus!! Maldita ansiedade, maldita!!!”.

E foi exatamente isso que aconteceu, nas primeiras horas de viagem eu conversava com meu irmão, ele me falava sobre o que aconteceria por lá.. Eu me sentia muito homem em viajar “sozinho”. Hahahaha. Conversamos um pouco sobre assuntos aleatórios, falamos um pouco da vida, era uma boa experiência que eu tinha naquele momento e eu tinha total noção disso.

Só que em questão de mais alguns minutos de conversa aconteceu o pior:

-Léo? Léo?

É... ele havia dormido e a minha ansiedade não me deixava pregar os olhos por um segundinho. Depois de algumas boas horas sem pregar os olhos...

CHEGAMOS EM CAPARAÓ!!!

Chegamos, FINALMENTE!!

Começamos a nos preparar, mas ainda faltava pegar um jipe pro inicío da trilha. Pechinchamos o preço e conseguimos um descontinho...

Na entrada do parque nacional, tinha uns guardinhas inconvenientes que revistava toda a galera que entrava, INCLUSIVE EU!! É... era bem provável que um menino de 12 anos estivesse com um carregamento de maconha. Hahahahaha.

Por fim, começamos a trilha, assumo que estava com medo das histórias que Léo me contara... Falava de cansaço, subidas sem fim. Mas no meu auge dos 12 anos, nada me abalava, andava com passo firme e sorriso no rosto!

Lembro-me que eu tava com uma camisa dos Ramones, e em uma das paradas pra descansar me chega um trilheiro com ar meio de desconfiado:

-Tu gosta de ramones, muleque?

Meu irmão se entre olhou comigo e respondeu com ar de “pai orgulhoso” :

- É... o muleque tem bom gosto.

Pensei comigo nesse momento e comecei a achar que aquela ~aventura~ também estava sendo bem interessante pra ele... Afinal, ele estava me iniciando na vida das viagens, montanhas e descobertas, e essa sensação deveria ser no mínimo interessante...

Depois de algumas horinhas de trilha, chegamos ao acampamento, que a galera costumava chamar de terreirão... arrumamos a barraca e fomos a procura daquele grupo de amigos que havíamos marcado de nos encontrar. Depois de alguns minutinhos, os achamos...

Já era de tarde, e o frio começava a apertar, eu ficava olhando o termômetro incessantemente, ficava amarradão em ver a temperatura cair. Hahaha. No rio de janeiro, o máximo que tinha pego era 17 graus, num dia bem frio! Hahaha.

O por do sol começava a se materializar e os pensamentos, as emoções tomavam conta de mim de tal forma que eu ficava fascinado. Eu olhava pro meu irmão, ele me olhava, e meio que conversávamos por pensamento.. Eu entendia perfeitamente o que ele queria me falar com aquele olhar.

Na nossa frente estava um mar de nuvens, que mais parecia um rebanho de ovelhas, e atrás do rebanho, aquele sol vermelho alaranjado caindo. Eu tinha cada vez mais certeza de que eu amava tudo aquilo e era isso e mais nada que eu queria pra minha vida... Conhecer lugares, pessoas, paisagens, mundos.

O SOL SE PÔS!

O sol desceu e um frio bizarro começou. Bizarro mesmo! Coisa de negativo, 2 negativos! NÓSSINHORA!

O combinado era acordar as 3 da madrugada para começar uma trilha até o pico, pra desde lá, ver o sol nascer, e assim o fizemos. As 2:59, estava eu de pé, CHEIO de casacos, congelando. Fui acordar a galera, era o mais animado de todos... Acordei todos, super empolgado!!

-Gente, gente, vamos, vamos! Já ta na hora!!!!

Começamos a trilha e chegamos dentro de algumas horinhas ao pico, ainda escuro, e o vento começou a castigar!! Estava segundo o termômetro, 3 graus negativos, e com mais a ventania, baixava a sensacao pra um uns 10 negativos. Tava PUNK...

Eu presenciava um belo céu. Estava branco com alguns pontos pretos. MUITAS estrelas, e não era preciso sorte pra ver estrela cadente. ERAM MUITAS. Aí eu pergunto pra vocês: Vocês preferem um hotel com cinco estrelas, ou um com trilhões delas? (Pensem nisso.) mas voltando...

O sol nascia e mais uma vez o rebanho de ovelhas estava por lá... Mais lindo do que nunca...

Os olhares entre mim e meu irmão voltaram a acontecer, e a minha certeza que era aquilo que eu queria aumentava cada segundo mais... Aumentava diante tudo aquilo, aquele sol, aquelas montanhas cortando os céus, ventos, amigos, natureza, liberdade, muita liberdade!!!

Tudo aquilo que eu sentia era muito bom e gratificante. Sentia vida dentro de mim.

Porém, voltando as viagens físicas.

Um cara do grupo tinha esquecido a calca, e sim, ele tava congelando de frio. Hahaha. Sofreu um bocado, mas agüentou o perrengue.. Fora isso uma galera bêbada no pico ficava tirando a roupa pra tirar foto de sunga! Muita fanfarrolice, e perigoso!

O sol nasceu, e registramos tudo em fotos! Cada detalhe.

Começamos a descida pro terreirão, e chegando lá preparamos um belo rango de gororoba de acampamento, um belo miojo com muito creme de leite e queijo ralado...

Arrumamos tudo, desmontamos barraca e se realizava meu primeiro sonho.

Chegando em Caparaó, descobrimos um restaurante de comida mineira em que se pagava 6 reais e comia o quanto quiser... É isso mesmo, 6 MERRÉIS E PODIA ENCHER O CU DE COMIDA! HAHAHA.

Eu apesar da pouca idade, já era um monstrinho devorador, comia bastante... Sentamos todos na mesa, e falávamos animados de tudo aquilo que tínhamos acabado de passar juntos. Lembro-me que foram muitas risadas, conversas...

E assim terminou essa bela viagem pro Pico da bandeira, um sonho realizado, coisas aprendidas, vida sentida, amizades feitas.

Algumas fotos da viagem.

Foto desde a vila de Abraão

Os três mosqueteiros: Eu, Bruno e Rafa

A galera na barca quebrada

Zezinho.

Há um tal prazer nos bosques inexplorados...

Há uma tal beleza na solitária praia...

Há uma sociedade que ninguém invade...

Perto do mar profundo e da música do seu bramir...

Não que ame menos o homem mas amo mais a natureza...

Lord Byron

Praia de dois rios, Ilha Grande;

Primeira vez a gente nunca esquece..

Como diz o velho ditado: A primeira vez a gente nunca esquece!

Meados de maio de 2009.

Fazia tempos que eu combinava com meu primo uma viagem pra Trindade, e sempre melava! Mas daquela vez parecia que a coisa tinha tomado prumo e finalmente iria acontecer. Chamamos alguns amigos, entramos em sites, blogs, pesquisamos tudo... E como de praxe, começamos a famosa contagem regressiva....

Faltando 2 dias pro tão esperado dia, fui ao mercado com um dos amigos, rafael, fazer compras.. Decidimos comprar uma tequila, que foi apelidada pela viagem de Zezinho, pelo fato de ser uma José Cuervo.. hahahah

Era "Vai um zezinho aí? pra cá" vai um zezinho aí? " pra lá. hahaha

Combinamos de ir na sexta feira de noite, de carro... Até que na quinta feira de madrugada me liga meu primo:

- Aê marcelo... A viagem babou.... Vou ter que fazer uma prova no final de semana.

Galera, imaginem estar de pau duro e tomar um peteleco no saco! Foi mais ou menos isso que eu senti.... Liguei imediatamente pro rafael pra contar o ocorrido... Ele por vez, também se sentiu petelecado.

-Mas marcelo, a gente tem que fazer alguma coisa... Já compramos as comidas, tequila. TUDO!

Ficamos uns 40 minutos no msn discutindo o que fazer e tivemos a brilhante idéia de ir pra Ilha Grande. Tudo MUITO em cima da hora. E novamente entramos em milhões de sites pra saber preços, campings, horário de barcas, TUDO!

Aí na sexta de manha liguei prum outro amigo meu, que topou na hora!

Cinco da tarde, estávamos nós na rodoviária! Haviam 3 passagens sobrando, a conta certa!! UFA!

O planejado era chegar em mangarativa antes das dez pra pegar a barca. Chegamos faltando meia hora... Até aí tudo bem. Mas me fale, cade a barca?????

Chegando no cais, a gente viu que não tinha barca, ela tinha quebrado e tava desativada por uns dias... Mas como de costume, ficavam uns donos de traineira na malandragem urubuzando a galera, e obviamente cobrando bem mais caro que as barcas. Mas não tinha outro jeito a não ser esse.. Ou nadando, é claro. ( Com a vontade de viajar que eu tava, eu juro que topava hahahah)

Resumindo o rumo da prosa, a traineira quebrou no meio do mar e ficamos duas horas esperando resgate de OUTRA TRAINEIRA. hahahahahhaha.

CHEGAMOS NA ILHA, FINALMENTE!

Aquela tequila olhou pra gente, nós olhamos pra ela. E assim começou nossa primeira noite na ilha... Compramos uns limões( ta certo, né?) e sal e mandamos ver!! a farra foi acabar lá pelas 6 da manha, com 3 amigos bem felizes e bêbados. Nessa noite, conhecemos um tal de "chocolate", um nativo da ilha que gostava de ganhar dinheiro da galera que chegava de gaiato pela área. Mas com a gente foi diferente. Ele chegava com um baralho na mão querendo apostar, e acabou que nós levamos a boa em cima do negão( sem maldade, galera)... No final das contas, fizemos amizade com o cara, que nos levou pras boas da ilha, nos motrou o caminho do ouro, onde ficavam as suecas, holandesas, australianas pela noite! hahahaahahha....

Era só a primeira noite na ilha, e já tínhamos histórias e éramos conhecidos na área.... Rafael vomitou litros e tentou subir numa bananeira no camping( pra vocês verem o nível do alcool).

O dia seguinte amanheceu com sol brilhando e céu azul, e era a hora de conhecermos as prais. Decidimos ir pra lopes mendes e a ressaca não deixou que fossemos de trilha e pegamos um barquinho pela bagatela de 15 merréis, até que valeu a pena.. Fomos curtindo o visual...

Aconselho totalmente conhecer essa praia.

Ficamos até tarde por aí e voltamos pra abraão famintos!!! Almoçamos numa pensão baratinha por lá, e foi de lei tirar aquela soneca depois... Quando acordamos, já era noite, e novamente saímos, os 3 mosqueteiros pela ilha( que tem uma noite bem animada, por sinal)... Fomos pruma "boatezinha" chamada ipaumgraçu( Quer dizer "ilha grande" em tupi). E apenas os mais íntimos poderão saber o que aconteceu dentro dessa boate! hahahaahahaha.

E foi mais uma noite que terminou as 6 da manha!!

Acordamos umas 10, eu e bruno fomos pro "poção" em abraão mesmo... Uma piscina natural de água doce incrível... Rafael, CACHACEIRO, ficou morgado na barraca e não aproveitou os últimos momentos na ilha.

Pegamos a barca das 5 da tarde pra voltar pra mangaratiba e de lá, pro rio..

Porque a primeira vez em ilha grande, a gente nunca esquece! Uma viagem com dois grandes amigos, rafael magina, e bruno goulart...

DICAS:
*Se tiver como ir de barca, VÁ! Bem mais seguro e barato...

*Faça o passeio de barco pra lagoa verde. É por volta de 30 merréis, mas vale MUITO a pena.

*Aconselho ficar no camping santana´s... Lugar bem maneiro, boa infraestrutura.

*Vou criar uma lei que obriga qualquer cidadão a conhecer a praia de Dois rios... A trilha é um pouco cansativa, mas você vai se sentir a pessoa mais feliz do mundo quando chegar e ver o visual.

* Alugar um caiaque e fazer uns passeios pelas praias é uma boa opção! AH, e chore o preço!!! Eles sempre começam MUITO caro e depois diminuem bastante.

Final da primeira noite.

Pra começar...

Sempre li blogs sobre viagens, sempre achei bem interessante... mas o que me faltava era "coragem" de começar a escrever sobre as minhas... Sempre dá aquele desânimo absurdo e falta criatividade. Aí eu me pergunto: Por onde começar?

Acho que as coisas vão começar a sair meio que aleatoriamente, sem muita ordem cronológica das viagens.

Espero que aproveitem essa "expedição pela vida" que faremos aqui.